E Chorei
           Na minha varanda, onde gosto de
           escrever, entre livros, notebook  e
           outras ferramentas mais.
           Na parede um bebedouro e um cocho
           pequenino para beija-flores e outros
           passarinhos mais.
           Alegram o meu dia, chegam inspirados
           Trazem-me novas de outros lados.
           Conheço-os e eles conhecem-me bem
            também.
            Havia  dois, um casal, desses que não se
            separam nunca, os mais assíduos,  ora
            vinham só os dois, ora chegavam com
            seus filhotes para se deliciarem com a
            bebida e ração adequadas.
            Era só zelo,  chilreio de alegria.
            Eu até saía dali para os deixar sem medo
            do lugar.
             A cena era linda de se ver: os pais a ensinar
             os filhotes a comer e a beber.
             Há uns tempos, um deles, o outro já não                    vem mais, chega com as penas das asas a                  cair para os lados, as penas da cauda,                        maiores, a se arrastar
            Mal consegue voar. No bebedouro não                        consegue se  equilibrar.
             Hoje chegaram três, a mãe, conheço-a bem,
           do velho casal a mais agitada, ficou no                        peitoril da sacada.
           Os dois iam e vinham colocar em seu bico
            água e ração.
                             Tal qual ela fez um dia.
                                      E chorei.
                                                         Lita Moniz