QUASE DEZ
Agora, agora canto triste,
Pelo então que exige o existe,
Pelo ar que caminha e resiste,
Pela dor que inútil persiste.
Os tijolos ainda sustentam,
Os caminhos ainda apontam,
Meus quereres se escondem, não ditam,
Nem em sonhos inúteis acreditam.
A lei que eu não quis bafeja e dói,
O amor, no recato destrói,
Desenham nos olhos a estranheza.
As luzes rebrilham sem beleza.
Se fim de ano, se fé secreta,
Se curva turva ou linha reta,
O desenho mente cada aresta,
Afinal a vida é falsa festa.