QUASE DEZ

Agora, agora canto triste,

Pelo então que exige o existe,

Pelo ar que caminha e resiste,

Pela dor que inútil persiste.

Os tijolos ainda sustentam,

Os caminhos ainda apontam,

Meus quereres se escondem, não ditam,

Nem em sonhos inúteis acreditam.

A lei que eu não quis bafeja e dói,

O amor, no recato destrói,

Desenham nos olhos a estranheza.

As luzes rebrilham sem beleza.

Se fim de ano, se fé secreta,

Se curva turva ou linha reta,

O desenho mente cada aresta,

Afinal a vida é falsa festa.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 11/12/2019
Reeditado em 11/12/2019
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