O coração cheio de necessidade
(Para Néia, uma pedinte de rua, morta por aquele a qu ela havia pedido um real)
Irmão! Eu peço! Eu peço porque não tenho
Dinheiro para comprar,
Saúde para trabalhar,
Equilíbrio para ser um cidadão modelo,
Como você!
Meu coração está cheio de necessidades...
Eu estendo a mão,
Um real
Cinquenta centavos por favor,
Eu estendo a mão e baixo meu olhar,
Porque já estou vencido,
Caído no res chão de mim mesmo,
Onde não encontro ninguém,
Onde toda voz é um murmúrio de desespero...
Eu me aproximei,
Me aproximei com os frangalhos que que restam de mim
E vi que você era humano
E sentir que você pode me ajudar...
Um real,
Um real apenas,
Por um real que mendiguei
Encontrei a plena,
A mais plena de todas as linerdades,
Da qual havia esquecido...
Liberdade!
Foram tiros que me atravessaram
Foi muito mais que eu pedi,
Me fizeram sumir do mundo,
Não envergonho mais esses irmãos
Cheios de tantos cristos...
Agora, por uma real que nem tive,
Passei para o verdadeiro mundo
E aqui tudo se ajusta,
Todas as contas são pagas,
Mas Eles me disseram,
Néia, aqui você não deve nada,
Todas essas estrelas são suas,
Seu crédito é ilimitado...
(Será que aqui é Pasárgada)
Irmão! Eu te agradeço
Por ter pedido tão pouco
E você ter me dado tão muito!