Se eu pudesse esquecer tudo
Se eu pudesse esquecer tudo,
Tudo mesmo, da lembrança mais tênue até a intensidade da dor mais doída,
Se eu pudesse esquecer tudo,
Eu de nada esqueceria.
Esquecer o mal que fiz,
Esquecer algum bem que tenha feito,
É esquecer quem sou,
É não ser- me...
Pois do mal que lembre, reflexão profunda,
E do bem, como de outra qualquer, aprendizado...
Esquecer tudo é passar uma borracha, eu mesmo,
Sobre tudo que estou pensando,
Pensar só o branco...
Onde tudo estava escrito... Não, isso não...
Pensar o preto,
O azul,
O transparente...
E nisso tudo ser-me...
E por que ser-me?
Porque não há como nos desligar,
Nosso pensar,
O que somos,
O que ainda teimamos em não querer aceitar que sabemos...
O que somos