O inferno da vida
Na primeira vez,
meu irmão tentou se matar num balde d'água.
_A cólera da vida fragmentou seu ego
e as coleiras dos dias capitalizados
esfacelaram sua alma.
Na vez segunda, veio a depressão.
_Tentou sem sucesso
um mergulho único em uma caixa d'água
de mil litros, não deu certo _,
os invejosos os salvaram.
Na vez terceira,
já não havia mais honra na morte.
_A vida tornou-se um terno amarrotado
onde os ácaros apunhalavam a matéria
sonâmbula que beijava cambaleante o assoalho da rotina.
Num belo amanhecer de terça-feira,
meu irmão
derrapou no limo hostil da podridão da cidade
e caiu dentro do vazio do Niilismo,
e afogou-se em si mesmo.