Sala de espelhos

Abra seu olhos para o céu azul

e mire aquilo que havia apagado

a causa antiga, concreta, primária

de nó e garganta

de ti abafada

É a mesma cadeia que pulsa

no solo, na nuvem, no sangue, na pele

em ti e no outro, nas células, nos cardumes

estranhamente familiar

é a esperança que brilha por trás das estrelas

e a proeminência das pedras na correnteza do mar

Mas contra aquilo que eu quero dizer

a mesa julgadora já se reúne

pias cheias extravasam

dedos, culpas e costumes

O passo fora da hora

denuncia o batalhão.

E para aqueles que gostam de voar,

é muito pesado o chão.

Sapatos apertados prendem passarinhos,

o medo incomoda o ar...

mas imagine se eles soubessem!

Então encha suas mãos de amor

e se vá.

Milena Justa
Enviado por Milena Justa em 12/11/2019
Reeditado em 12/11/2019
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