Minha Alma
Andar, a esmo por lugares longínquos, pelos cantos mais remotos do planeta andar por ruínas, rebuscando lembranças de ancestrais é uma das especialidades da minha alma. Ela também se aventura pelo espaço, transpõe o infinito, mira as estrelas... Se encanta com o luar, com o entardecer e regozija-se com a infinita serenidade das manhãs. E vai-se embora minha alma... Seus braços abertos para o tempo e suas mãos inocentes em feitio de prece em agradecimento ao Senhor, por todas as Dádivas recebidas e por toda as belezas naturais da terra e do céu. Os olhos da minha alma ver muito além, porém pousa triste sobre a eternidade do tempo, como se visse o desbotar da vida em todas as formas e cores e o murchar das flores em pêndulos tristes, numa certeza de que tudo é finito. Mesmo assim, segue minha alma perscrutando os mistérios que há no âmago de cada coisa, porque enquanto há vida, pulsa universo e terra. E vai-se minha alma, incansável, mesmo vindo de muito longe... Vai deixando suas pegadas e registrando sua peregrinação pelo mundo. Vez por outra, descansa à beira dos córregos e riachos e se põe a refletir enquanto observa as flores se despredendo das hastes e descendo em fileiras pelas águas correntes... Há recordações, lágrimas e sorrisos aformoseando o rosto da minha alma. E se indo ela, a vaguear pelas montanhas, a caminhar pela beira do mar, canta o seu amor pela natureza e lá numa altura do tempo, brinca de roda com o vento e feliz, arvora suas vestes brancas saldando o que há de mais belo e puro na terra e no céu. Descansa então minha alma à sombra das árvores e a medita sobre sua peregrinação, hora menina, brincando na chuva, hora mulher envolta em paixão e lágrimas sentidas. E vai se indo minha alma em seu eterno viandar, por essa e por muito mais além dessa vida
Kainha Brito
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