PREFIRO A POESIA DOS LOUCOS
Não quero a poesia dos sãos.
Nem a dos santos. Nem a das santas
senhorinhas de plantão.
Menos ainda a dos fardões.
E dos bundões amedalhados.
Desconjuro o falar de rotos nobres.
Prefiro a poesia dos loucos.
Doidos varridos, aspirados,
lavados com cloro puro.
Aquela poesia que dizendo
nada com nada, diz tudo.
Que morde e não assopra.
Que tange, fere e extasia.
Que veste camisa de força...
mas é a própria liberdade.
Pois eis que a vida é muito louca.
E poeta que se preze não negocia
nem lógica, nem alegria, nem lucidez...