Útero (Ofereço ao Mestre Elígio)

Útero

Somos vazios de tantas coisas;

À espera da cela,o amor e o joio,

Qual a textura do ventre,do vácuo?!

O que andamos,desatina o que parados,sufoca,

Qual a dimensão da vida,e o que saltou da espera,

Ou do verso nu que virá avassalando todo o refúgio?!

Somos lotados de tantas coisas e como somos poucos dela,

Qual a extensão do rio que temos pra descer a vida ,

Pra dizer que basta o linho puído das palavras e do verso vil?!

Somos o mesmo tanto quando o coração é pesado;

Falimos deitados na vida,comemos as circunstâncias diárias;

Poeta,habituei-me do esquife,me diz,qual a chuva sem treva?!

Falimos,todo instante falimos,salvo o que se converteu na noite,

Cadê o andor de costume,poeta?!Cadê tempo que canoa descia,

E como uma janela onde tudo era botijas de vinho,cadê poeta?!

(Ofereço esse poema ao grande Mestre Elígio)

MaisaSilva
Enviado por MaisaSilva em 16/08/2019
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