Útero (Ofereço ao Mestre Elígio)
Útero
Somos vazios de tantas coisas;
À espera da cela,o amor e o joio,
Qual a textura do ventre,do vácuo?!
O que andamos,desatina o que parados,sufoca,
Qual a dimensão da vida,e o que saltou da espera,
Ou do verso nu que virá avassalando todo o refúgio?!
Somos lotados de tantas coisas e como somos poucos dela,
Qual a extensão do rio que temos pra descer a vida ,
Pra dizer que basta o linho puído das palavras e do verso vil?!
Somos o mesmo tanto quando o coração é pesado;
Falimos deitados na vida,comemos as circunstâncias diárias;
Poeta,habituei-me do esquife,me diz,qual a chuva sem treva?!
Falimos,todo instante falimos,salvo o que se converteu na noite,
Cadê o andor de costume,poeta?!Cadê tempo que canoa descia,
E como uma janela onde tudo era botijas de vinho,cadê poeta?!
(Ofereço esse poema ao grande Mestre Elígio)