À ESPERA DE FLORBELA ESPANCA
I
Hoje eu quero amar;
Doar-me por inteiro;
Nunca pedir perdão;
Por amar o dia inteiro.
II
Posso hoje pensar...
Dizer palavrar de amor;
Renascer com o amar;
Pela noite inteira recordar.
III
Quem diz que nunca amou?
É porque mente!
Está ausente, não encantado...
E, chora, no amargor silente...
Na boca quente.
IV
Eu estou encondado;
Com a lua que me veste;
Cúmplice da aurora boreal...
Das noites apaixonantes;
Que tanto aflora em mente;
Diz-me ser um presente;
Onde os amantes se acasalam;
Para um novo amanhecer em ninho.
V
Quero então viver no esplendor d'alma;
Da aurora cândida do meu espírito;
Os momentos que me faz presente.
No lúdico ser, por viver na alvorada;
Num asfalto de perolado, viver!
Com o entardecer que se apaixona;
E derrama em mim, o brilho da paixão;
Razão do sempre viver...
Nas vitrines do coração;
Um arco-íris sobre o meu corpo;
De mar, iluminado em raios...
De luares oníricos; mítico e misto!
VI
A lua falou-me hoje;
Das estrelas que nasceriam;
Declamariam um poema;
Singelo, cantarolado em versos;
Nas prosas que andariam...
Pelo meu corpo de jasmim
Perfumando as madrugadas;
À espera de mim...