Ode ao amor

Não estranhe se me vires por aí

Apanhando cacos d’amor pelo chão.

_Amor é quão bondosos somos

Quando ninguém está vendo:

_, não pisar em formigas,

Cuidar dos pais,

Alimentar os pombos,

Bestializar-se com um crepúsculo

Inesperado,

Ouvir a canção "Para Elisa".

Doar o agasalho pro menor

Abandonado,

Ajudar o idoso atravessar a rua,

Ser mais gentil com as mulheres.

_Nos tornamos gigantes quando

Miramos para a simplicidade do dia

Como se fosse um "Soneto de fidelidade”,

Quando olhamos o sorriso

De Mona Lisa E sorrimos para a vida.

_Não estranhe se me vires na rua

Consertando asa quebrada

D’um pássaro,

Ajudando João de barro a tecer a

Aurora,

Massageando as solas d'um andarilho,

Cavoucando no entulho a esperança,

Regando flores que brotam no asfalto,

Ajudando borboletas a lapidarem o

Cotidiano.

_Não estranhe se me vires por aí

Alimentando cães vira-latas,

Chorando na curva d’um rio poluído,

Observando um beija-flor polinizar o

Amanhecer.

_. Nessa vida áspera a gente coleciona mais dor

Do que quimeras!

_Não ria se me vires por aí

Recitando "Amar” de Drummond,

“Amor” de Hilda Hilst,

Cinco minutos de José de Alencar,

Ou me encantar

Com Florbela Espanca.

_. Não estranhe se me vires por aí

Tecendo amor.

Tem gente que não sabe o que fazer

Com o Amor

E faz literatura, holocausto, odisseias.

_Amor é a maior equação poética que

A gente sente n’alma.

O resto são pantufas no canto do quarto

Sem alma humana para calçar.

aBel gOnçalves

aBel gOnçalves
Enviado por aBel gOnçalves em 29/06/2019
Código do texto: T6684792
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