Vinho Tinto
Cesso! Do barro e da ingênua mão e do que é adequado ser;
Cesso das coisas que já nasceram mortas e pelo silêncio são;
Cesso de pisar uvas no lagar,as uvas sangram,as coisas sangram!
Atrás da casa rio passa quieto,as aguas sangram,tem monjolo
E de quebrar sementes de grãos de trigo e café,cesso;Partistes,
E de mim deixaste a eira e os pomares atrás da casa com vida alguma!
Mas disseram da vida,que eira não cessa,que rio tem desague,
Mas me disseram pra abrir cortinas e acender lampeão e fogão à lenha;
Mas tinto ficou pela metade, cercanias da cozinha havias xícaras deixadas
Toda a mesa posta,e o barulho da casa e o necessário jantar mexido,
Então partiste!Cesso de mim,há rumores ainda de amar,lençóis e roupas
Íntimas todas penduradas,mala levastes,deixastes também colar de pérolas;
Mas me disseram pra pisar a vida devagar,entender,ficar, fui moldado a ficar!
Mas me disseram pra não cessar,têm cospiração além do abraço,
Mas não me disseram das compulsivas versões que há no enlace de pernas!
Trabalhei na eira,pisei uvas no lagar,depois pintei a casa de azul-cobalto,
Mandei colar de pêrolas e o restante das roupas, parei de cessar,amanheci de novo em mim!Sorri!Mas as pedras que piso ainda sangram,devagar!!