A decomposição das possibilidades
Encontrei no meu caminho,
Enquanto me afastava de casa,
Começos e fins
De estradas e madrugadas...
Também me apareceram
Seres de diversas jornadas,
De alquimias estranhas,
Vozes embaralhadas,
Que a custo eu procuro entender alguma coisa,
Mas que ao sumirem não me deixavam nada...
Eram velhos, eram mulambentos,
Procuravam me avisar disso e daquilo,
Mas do que mesmo
Eu nunca pude me concentrar...
Eis que numas dessas encruzilhadas,
Escrito estava, mas sem letras,
Que aqueles que até ali chegavam
Precisavam, para continuar,
Ou renegar tudo que viveram,
Ou renegar tudo que ainda podiam encontrar...
E eu pensei, que vivi?
Que existe no que não existe mais que mereça deixar de ser?
E então, pensei também,
Que há lá a frente que valha a pena ir lá a frente?
É melhor ir, voltar, ou ficar?...
Vi então, a realidade a se decompor,
Como em sonhos,
Uma luz cheia de escuridão se aproximar...
Era um ser, um nao-ser, imaterial mais que o ar...
Não tinha voz, nem olhos,
Apenas respiração,
E por ela é que se entendia
O que ele queria...
E ele disse, não morrerás!
E como tal, para ti, o tempo não existirá...
Nada se fará, nada foi feito, tudo é.
E sumiu como apareceu,
Sem nem mesmo...
E eis-me aqui, a contar,
Sem ter quem em mim possa acreditar...