Ensaio sobre o Absurdo
Brasil, meu brasil brasileiro
Que entrega suas riquezas aos estrangeiros
E mata seus filhos ao som de um bom samba.
Brasil, nação forte e feliz
Que sorri alegremente com o ódio em seu cariz
Como anda na corda bamba?
Brasil, o país do carnaval
Onde tudo é folia
E não existe preconceito racial
E nem crime de homofobia.
Brasil, país forte e contente
Onde qualquer um é presidente
E nesse enredo descontente
Mostra sua face cada vez mais decadente
Brasil, o país da educação
Onde escola pública só presta na TV
E onde a melhor solução
É cantar o hino nacional e filmar para todo mundo ver
Brasil, um parquinho capitalista
Com medo do espectro comunista
Que nunca existiu nesse país.
Então me diz
Nesses 519 anos de má gestão
Quantas vezes o proletariado teve o poder em sua mão?
Brasil, um país bom de fama
Onde Vale tudo
Até ter o seu povo na lama
Brasil, um país consciente
Que mata o meio ambiente
Em troca de dinheiro
Que sonha estar em primeiro
Mas é curral do Tio Sam
Privatiza tudo
Olha o capital estrangeiro
Desenhando seu amanhã
Brasil, o país da informação fictícia
Onde quem manda é a polícia
Ou melhor a milícia
Mas é melhor não tocar no assunto
Senão vai ser fuzilado
E virar um presunto
Boa sorte, defunto.
Ah, Brasil, amo-te de qualquer maneira
Mesmo com essa laranja na tua bandeira
Que jamais será vermelha
A não ser pelo sangue derramado
Do homossexual degolado
Do negro amordaçado
Do menino da favela que foi fuzilado
Porque o pobre homem da milícia militar
Confundiu um guarda-chuva com um fuzil
Pobre rapaz que não enxerga direito
A sociedade até aplaude o sujeito
A sociedade que é bem incoerente
E quer por Deus acima de tudo
Mas vibra com a morte de uma criança inocente
Porque tem raiva de um senhor barbudo
Olha o exemplo surpreendente
Do nosso país tão decadente
Que se finge de cego para não ver
As tragédias que passam na TV
Não importa a guerra
Não importa o sangue
Não importa a morte
Não importa o mangue
Não importa a lama
Não importa a chuva
Só importa a fama
E gringo a quem se curva
Não importa a escola
Não importa o veneno
Não importam as drogas
Não importa o sereno
Não importam as mortes nos hospitais
Só importa a polêmica de assuntos banais
Não importa o idoso
Não importa a mulher
Não importa a criança
Não importa viver
Só importa a grana
Os ativistas exterminados
A corrupção desmedida
Os dinheiros lavados
Não importa o rio que desvia matando milhares
Só importa o lucro e alguns hectares.
Gabriel C. Machado
04/03/2019