NEFASTOS BANQUETES ou DO QUE NÃO CONSEGUE NOS ENTRAR PELA BOCA
Há comidas que nunca conseguem
nos entrar pela boca
mesmo que se insista na ingestão
mesmo que tampemos o nariz
que se abra o melhor vinho
em tentativa inútil de acompanhamento
que pensemos em apetitosos acepipes
na tentativa de ludibriar o paladar.
Nesses nefastos banquetes
que nos ofertam diuturnamente
como em pensões baratas
de pratos indigestos e requentados
mobiliadas com mesas e bancos coletivos
- também coletivas as tigelas de sopa insípida
e as imensas travessas de arroz grudado -
somos convidados a degustar sapos
sem sal molho ou temperos
mesmo que o pedido tenha sido diverso
e que a nossa fome não clamasse por tal iguaria
que tudo o que se desejava degustar / na calada da noite avançada
já em gravidez de risco de uma madrugada perigosa
fosse uma xícara de café
dois biscoitos polvilhados de vento
e um pedaço frio de ilusão
besuntado de manteiga de alegria.
- por Hans Gustav Gaus, Corsário batavo, feito Almirante pela Companhia das Índias Ocidentais, posto a serviço de Maurício de Nassau, recusando-se a comer uma buchada de bode em taberna de má fama, na zona do baixo meretrício de Resífiles, em niote perdida do ano de 1649 -