CROCODILO DO RIO NILO
O Sol a cair
dentro de um copo
de gim
A Lua quase cheia
espreita
de relance
Paredes e meia
com uma vaga estrela
amarela
Feita de pó de ouro
aguardente
e canela
Que sorvi com sofreguidão
enquanto me queimava
os lábios
a língua
o céu da boca
a palavra
e a traquéia
Queimando também
o poema
que emerge do mergulho
feito crocodilo
do Rio Nilo
que deixou escondida
sua presa
morta
numa loca de pedras
escuras.