Amor sereno
Tenho medo de ferir
com a unha que atravessou minha própria garganta
com a dor que ganhei da vida
presentear
com fel e saliva
o que houve entre nós dois
Não posso ser tua
se ainda não sou minha
Não posso ser mulher sem ser menina
ser cruel sem chorar sozinha
e nem continuar o que já acabou
Não consigo entender bem essa realidade paralela
que se abriu desde o momento em que eu me lancei a ti
no vendaval onde eu estava
e você fez de conta que não viu
me pegou pela mão, beijou e sorriu
você estava lá, ele não.
Me desculpe amor sereno
não sou quem você pensa e nem eu penso em quem eu sou
estamos perdidos na sorte
estamos jogados à morte
no calabouço conhecido por alguns como amor
Facilmente dói
por que se mover é respirar as ferpas
que já estavam lá antes de você chegar
com seu ar de sabedor
e me confortar, me confrontar e me controlar
minha muralha que quebrou