Amor sereno

Tenho medo de ferir

com a unha que atravessou minha própria garganta

com a dor que ganhei da vida

presentear

com fel e saliva

o que houve entre nós dois

Não posso ser tua

se ainda não sou minha

Não posso ser mulher sem ser menina

ser cruel sem chorar sozinha

e nem continuar o que já acabou

Não consigo entender bem essa realidade paralela

que se abriu desde o momento em que eu me lancei a ti

no vendaval onde eu estava

e você fez de conta que não viu

me pegou pela mão, beijou e sorriu

você estava lá, ele não.

Me desculpe amor sereno

não sou quem você pensa e nem eu penso em quem eu sou

estamos perdidos na sorte

estamos jogados à morte

no calabouço conhecido por alguns como amor

Facilmente dói

por que se mover é respirar as ferpas

que já estavam lá antes de você chegar

com seu ar de sabedor

e me confortar, me confrontar e me controlar

minha muralha que quebrou

Milena Justa
Enviado por Milena Justa em 01/02/2019
Reeditado em 01/02/2019
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