Na calçada de minha avó
Na calçada de minha avó
Ainda vejo em meu olhar
e me entorpeço de saudades
as formas e as cores alaranjadas
as janelas grandes e os batentes
da casa bonita de meus avôs
meu avô China na vendinha
e minha avô Marieta na calçada
ou saindo apressada para a missa
tropeiros e viajantes na entrada
o padre e os cangaceiros por ali
uma mesa farta cheirando a sertão
uma imponência na humildade
como nas ruas de casas toscas
e nos beirais das calçadas simples
feição de um Poço Redondo antigo
meu avô partiu ainda cedo demais
minha avô ficou abençoando a vida
a vida de quem lhe pedisse a benção
e na sua calçada sentasse ao entardecer
para avistar aquele sertão caminhante
no seu passo de alpercata e roló
e eu ainda menino traquina demais
nem imaginava quanto ia doer a saudade.
Rangel Alves da Costa
blograngel-sertao.blogspot.com