SEM TEMPO

Que se ame o passado,

Pois dele tudo se sabe.

Se o vento não foi vento,

Por vento foi conhecido,

Se fogueira tornou-se

N’alma palmou como aura.

A dor doeu e se acabou,

O grito rude se abrandou,

A rudeza em bem tornou-se.

Na hora seguinte da pena,

Ela em si só já não arde,

E por cor amarga não fere,

Areia que brilha tornou-se.

É a revisita de deus

Que apagou qualquer pecado.

Pode ser duro o futuro,

Que se apresenta eterno,

Pode ser ainda terno

Ou desenhar o inferno

Ou, coerente e humano,

Dá-nos, enfim,

O que for preciso,

Ou de vez o paraíso!

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 03/01/2019
Reeditado em 04/04/2019
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