SEM TEMPO
Que se ame o passado,
Pois dele tudo se sabe.
Se o vento não foi vento,
Por vento foi conhecido,
Se fogueira tornou-se
N’alma palmou como aura.
A dor doeu e se acabou,
O grito rude se abrandou,
A rudeza em bem tornou-se.
Na hora seguinte da pena,
Ela em si só já não arde,
E por cor amarga não fere,
Areia que brilha tornou-se.
É a revisita de deus
Que apagou qualquer pecado.
Pode ser duro o futuro,
Que se apresenta eterno,
Pode ser ainda terno
Ou desenhar o inferno
Ou, coerente e humano,
Dá-nos, enfim,
O que for preciso,
Ou de vez o paraíso!