A jornada pela chave

Enfrentando a noite que caía,

Numa jornada de início solitária

A aboboda celeste 'inda não estrelada

A saga de um combate acompanhara.

Não se tinha nem bagagem nem comida

Para aqueles que quiserem prosseguir

Na subida rumo à terra prometida,

Cuja estrada lhes dizia não ter fim.

Ó céus, porque um feito tão senil

Indagam o júri da plateia

Já convictos de um trágico final

Como um romance entre um nobre e uma plebeia.

No aterro de uma estrada tão deserta

O próprio pensamento era o que se escutava.

Gemidos de socorro eram a prece mais certa,

Ao envés da deserção que se esperava.

O frio se fizera confidente

Da saudade do aconchego de um lar.

Já dispersos quanto ao rumo do presente,

Na bondade de estranhos decidiram confiar.

Ó terra nunca próxima

E poeira tão densa para respirar!

No bater na única casa que havia, viram

A esperança da chegada se reavivar.

O agasalho recebido contentara,

Mas, a fome, as entranhas devorava

Mesmo chegando ao lugar que aguardava

Os pés ansiosos que outrora os explorara.

O lugar agora oferecia resistência,

Ninguém, nos visitantes, queria confiar,

E quando por impostores foram tomados

Se embrenhado nas trilhas do lugar.

Mata, pedras e cercas

Poderiam lhes derrotar,

Além do escuro, pois não tinham lamparinas.

Só as estrelas o quiseram regalar.

A gruta outrora visitada avistaram

E os dois entraram e ali desenterraram

A chave que vieram procurar

Para o baú de uma herança desfrutar.

Pois até então não tinham sorte,

Nem a suas casas chamavam de lar.

A descoberta feita, honraria possível morte:

Somente deixando o lar puderam lhe amar.

Lirianna
Enviado por Lirianna em 31/12/2018
Código do texto: T6539692
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