Horas líquidas
Nessas horas movediças
Que se alastram em meu ser a milhares de tempos
Vão se escorrendo certo líquido de tom indefinido,
Viscoso como sangue,
Mas volátil mas que tudo,
E, apesar de não saber dizer o que seja,
Em mim, já atingido, a cada átimo se ido,
Eis-me aqui mais esquecido, não do mundo,
Nem do afeto,ou do amor,
Mas de mim mesmo,
De mim mesmo
Que ando como a estrada que se desfaz,
A medida que é vencida
Pela erva, pelo lixo,
Pelo pó...
De mim mesmo eu tenho me perdido...
E, nem quero mais achar-me,
Não.
Não...
Essas horas movediças são líquidas...