Oxigênio Maiakovski, seu idiota ingênuo

Passei as últimas três semanas debaixo d’água,

bem lá no fundo,

na penumbra,

sem poder emergir para respirar.

E o que dizer sobre as profundezas,

sobre a luta pela sobrevivência nos recantos mais obscuros das fábricas,

onde os peixões do topo da cadeia alimentar,

nos devoram os dias aos poucos?

No ônibus,

quando conseguia,

lia Fernando Peixoto sobre o camarada Maiakovski,

suicidado já em 1930

por não haver mais esperanças.

Alguém

vista seu escafandro

na verdade

ainda estou aqui

em baixo

submerso.

Tiago Torress
Enviado por Tiago Torress em 19/12/2018
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