Oxigênio Maiakovski, seu idiota ingênuo
Passei as últimas três semanas debaixo d’água,
bem lá no fundo,
na penumbra,
sem poder emergir para respirar.
E o que dizer sobre as profundezas,
sobre a luta pela sobrevivência nos recantos mais obscuros das fábricas,
onde os peixões do topo da cadeia alimentar,
nos devoram os dias aos poucos?
No ônibus,
quando conseguia,
lia Fernando Peixoto sobre o camarada Maiakovski,
suicidado já em 1930
por não haver mais esperanças.
Alguém
vista seu escafandro
na verdade
ainda estou aqui
em baixo
submerso.