ONDE MORAM AS ESTRELAS
Tocam os olhos
a pele fria das estrelas,
fêmeas despudoradas,
nuas ao largo do sedoso véu
sombroso.
Ah! quem dera fossem-me os olhos
o rumo de seu piscar.
Mas algo diz: em outras íris
arde incandescente a chama
de suas paixões.
Nem a velhas e tímidas
promessas recorro
a convencê-las de uma escolha.
Sei que estão a brincar
com meus sonhos e compreendo
a elas, vendo nelas a verdade,
mesmo na veracidade costumeira
das divindades que suspiram
e o universo mal pressente...
Ser o elo a ligar o céu à terra
basta à minha vaidade,
pois as estrelas que refulgem
em meu encanto as encontro
abrigadas em minha alma.
Essas estrelas que preenchem os sonhos
e os pensamentos de poetas e filósofos,
seres mágicos que dão a existência das coisas
um sentido oculto, têm o nome comum:
felicidade!