Um dia um poeta sonhou
Devaneou com caminhos de pedras brancas
De brumas espessas e esvoaçantes
O vento batia-lhe nos cabelos em carícias
E ao longe podia ouvir o marulho do mar
Eterno e benéfico
Silencioso e inspirador
Como só o oceano pode ser...

O poeta caminhou por muito chão
Terra vermelha, batida
A poeira levemente molhada pelo chuvisco que caíra à noite tocava-lhe as narinas, 
trazendo saudades de tempos não sabidos onde vividos,
mas eram lembranças doces,
talvez de eras de criança.
Não sabia precisar ao certo.

O poeta estava sob céu aberto
Nuvens azuis
Sol de girassóis
Folhas verdes num pé de amendoeira
Sombra hospitaleira
Nenhum enfado
Nenhum alarde
Nenhuma saudade
ou solidão...

O poeta sonhou e foi ao céu da poesia
Universos sem contravenção
Acordou de sopetão
Braços sob a cabeça apoiada na escrivaninha
Terminou o poema e deixou-o sobre o velho móvel
Não se importava se seria lido ou não
Pois sonhara
E sonhos sempre valem um verso!

Imagem surrealista: Pinterest
 
Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 20/11/2018
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