Morri, mas ainda estou vivo
Morri.
Sete e pouco o celular tocou.
Era o Oseias me chamando para trabalhar.
Decidi ir.
Um dinheiro a mais sempre ajuda,
Mesmo que se tenha que ganhá-lo no domingo.
E até que levantei bem.
Rápido vesti,
Calcei,
Tomei café (chá)
E sai para rua.
Melhor ainda foi que
estava tendo um silêncio bom de se ouvir lá do lado de fora.
Silêncio como esse de agora.
Porém,
Sem o canto da cigarra
Dentro da noite quente que faz – chamando chuva?
Era uma calmaria de manhãs de domingo.
Sem ninguém na rua.
Sem brigas.
Sem som alto.
Sem carros.
Sem vozes.
Sem latidos.
Apenas eu, o céu bonito (que também estava tendo)
E o resto todo,
Dormindo.
Só eu acordado.
Indo trabalhar.
Como diz minha mãe:
“mata não. Trabalhei minha vida toda e não morri”.
Morri.