ESCOLAS PARA POETAS

Não há escolas para poetas

e, se as há, desconheço-as

o que há são noites insones

são mesas de bares

quase vazios nas madrugadas

de onde já se evadiram

os que vivem de salário

e de jornadas de trabalho

quase semelhantes à escravidão

ponto eletrônico digital

ao invés de correntes

tolhendo os braços

e bolas de ferro

afixadas aos tornozelos.

O que existe

os parâmetros curriculares

desses liceus informais

que fabricam bardos

- nunca como penicos esmaltados

saídos de fria linha de montagem -

são outros olhos de ver o mundo

sentimentos aflorados e sem armaduras

onde todas as dores

sentidas ou imaginadas

penetram fundo

feito as adagas de sicários

remunerados a peso de ouro

no afã de calar os gritos

que ecoam no Tártaro

feito lamentos de Prometeu

liberto por Heracles de seu suplício

mas, não de suas angústias e inquietações…

- por Hans Gustav Gauss, almirante a serviço de Maurício de Nassau, e Doutor pela Universidade Colonial do Recife, em Efeitos do Aguardante de Cana na Poética dos Bordéis do Recife, na primeira metade do Sec. XVII -