PLURAL ACOLHIMENTO
De meus olhos, o porto de meu corpo,
Partem naus, para grandes descobertas...
Quantas águas serão dor no singrado?
Quantas estrelas, certezas e belezas,
quantos cavalos da luz natureza,
serão em manchas rasas enredados?
Haverá os segredos e torturas?
Cantarão as sereias com voz pura?
Se longe vão, povoam-me as dúvidas
de nula resposta a perguntas duras.
Mas não se pode romper com as viagens,
nem a porta fechar-se à coragem.
Pois que se apartem , tracem sua rota,
para depois fartar-me da beleza,
da arte de estrangeiro sentimento,
da poesia de doce entendimento!
Se ouro ou se prata me trouxerem,
se sal, se mirra pura, se encanto,
se perfume, se incenso e se cor...
terão em meu corpo terno acolhimento.
Se trouxerem o mal e os frios estados,
Se lograrem pensares de dureza,
que pode o peito ser contra a estranheza
Se essa habita a terra e seus costados?
Angra que acolhe as veras diferenças,
todas as crenças, todo gosto e rosto,
(não se perca do mundo essa riqueza)
meu porto livre, braços generosos,
leva-me à alma os cantos mais estranhos:
Toda virtude , pudor e o pecado,
tudo do bem,do mal, do indiferente:
de olhar aberto, abraço as tempestades.