PLURAL ACOLHIMENTO

De meus olhos, o porto de meu corpo,

Partem naus, para grandes descobertas...

Quantas águas serão dor no singrado?

Quantas estrelas, certezas e belezas,

quantos cavalos da luz natureza,

serão em manchas rasas enredados?

Haverá os segredos e torturas?

Cantarão as sereias com voz pura?

Se longe vão, povoam-me as dúvidas

de nula resposta a perguntas duras.

Mas não se pode romper com as viagens,

nem a porta fechar-se à coragem.

Pois que se apartem , tracem sua rota,

para depois fartar-me da beleza,

da arte de estrangeiro sentimento,

da poesia de doce entendimento!

Se ouro ou se prata me trouxerem,

se sal, se mirra pura, se encanto,

se perfume, se incenso e se cor...

terão em meu corpo terno acolhimento.

Se trouxerem o mal e os frios estados,

Se lograrem pensares de dureza,

que pode o peito ser contra a estranheza

Se essa habita a terra e seus costados?

Angra que acolhe as veras diferenças,

todas as crenças, todo gosto e rosto,

(não se perca do mundo essa riqueza)

meu porto livre, braços generosos,

leva-me à alma os cantos mais estranhos:

Toda virtude , pudor e o pecado,

tudo do bem,do mal, do indiferente:

de olhar aberto, abraço as tempestades.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 05/11/2018
Reeditado em 05/11/2018
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