ESTRANHAMENTO

Apanho tanto de tantos desmaiados ardores,

Quase dos quase animados brilhos.

No lado do sonho, grita a imagem absurda.

Limpa-se a sujeira com a pele usada.

Torci o pano, expulsei os insetos,

Passei e passei os lençóis,

Mas a fronha restou amassada.

Então minha cabeça de sonho

Adentrou a escura caverna,

E viu lá fora as sombras

Cultuadas como ideias.

Nada importa.

Revoltaram-se as cerejeiras,

Em semi ou tom diverso,

Escandalosamente

Desenham no ar falsificado

Suas cores lindas, verdadeiras,

Dignas do fim do reinado,

Dignas da cantiga mais triste,

De agora, de ontem e de mais nada

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 18/10/2018
Reeditado em 21/10/2018
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