FLORA
Semente escondida na terra,
Encolhe-se curvada.
Nem orvalho, nem geada,
nem chuva a alcança,
Talvez o vasto do nada.
O cardápio venenoso
Abre-lhe os braços
Aveludados e quentes,
Úmidos de vida.
Olhar indiferente,
Vislumbra o desastre.
De costas para o feitiço,
Retrai o abraço,
Fecha os olhos,
Mergulha na alma,
No coração pontilhado,
À espera do artista,
Que desenhe seu destino,
Que complete o desenho
De seu desejo rascunhado.