ALUMBRAMENTO
O rio faz a margem,
O rio faz o ciliar da mata,
O rio faz o caminho,
O rio faz o novo do batismo.
O rio corre para o mar,
Que, sem margens, faz
Meu coração não sentir,
Só pensar.
Penso as feridas na água clara
Que passa na aldeia de qualquer pessoa,
Um rio largo, riacho que habita
O ver de quem ama a paisagem.
Eu amo a paisagem.
A lua de hoje desenha no céu um rio de luz.
Quero a profunda margem desse rio
Que não consigo entender,
Só ver.
Nele, a rosa maior, mistério.
Um dia hei de habitar,
Quem sabe, a margem terceira
De uma vida com eira e beira.