Os sonhos do Padre Zé
    Acabado de se formar
   Para onde o foram mandar.
   Pobreza por todo o lugar.
   Primeiro chegou a febre,
   parecia que o ia derrubar.
   Depois veio a Lua Grande
   pôs a febre a sonhar.
   Três sonhos medonhos
   começou a acalentar.
   O sol lhe mostrou onde
    a igreja nova devia ficar.
   Também ele queria entrar e
   aquecer o lugar.
   Uma igreja Vistosa, com espaço bastante
   para aquele povo vir ali com Deus  falar.
   Ai o segundo! Era do tamanho do mundo.
   Mostrava-lhes a saída para aquela vida
   sofrida.
   A lua grande foi-se, mas ficou a profecia.
   O sonho do padre Zé virou vara de condão
    apontava a direção. A França foi a escolhida
    para ser a terra prometida.
    Havia os que não precisavam emigrar
    Queriam estudar, o Sr. Dr. Américo e a doutora
    Margarida mostravam-lhe a saída.
    No salão paroquial a aula inaugural, nascia
    ali o colégio de Montalegre, para a região de
    Barroso o maior referencial cultural.
    O terceiro era matreiro.
    Eu era parte do sonho e da profecia, com a vara
    atrás das vacas ria dele e de mim.
    Se comunismo é assim, então o padre Zé é
    comunista sim.
    Os filhos a  debandar, e os pais! Quem os     
    iria amparar?
    O Lar.
    Foi ali que o padre Zé disse ao que veio e quem é.
    Uma casa de Misericórdia, espaçosa, bem cuidada,
    vida amparada, alimentação adequada às carências
    da idade avançada.
    Era ali que o padre Zé queria chegar: ricos e
    pobres no mesmo  lugar.
    Alguém um dia veio com ele falar: Sr. Arcipreste,
    sim, também ele já estava em outro patamar.
    Acha certo que  a minha roupa seja lavada  junto
    com a da minha empregada?
    Ai que alegria! Chegou o dia!
    Minha ilustre senhora, aqui todos são iguais,
    ninguém é mais.
 
                                                 Lita Moniz
Minha homenagem ao Padre José Alves por ocasião do centenário de sua existência na Terra.
Padre José Alves foi  para toda a minha formação um marco a partir do qual fui construindo a minha história.
Com esta poesia de minha autoria prossigo nas homenagens, que não se podem esgotar em um dia só.  Gratidão para com este  grande homem, um padre consciente de sua missão, uma inteligência a serviço do bem estar comum daquela comunidade. Sob a batuta do Nosso estimado Arcipreste José Alves a região se transformou totalmente. Extinguiu a pobreza, abriram-se novas escolas, um hospital, um lar para acolher os idosos, cujos filhos trabalham em países de acolhimento. Ficam tranquilos porque sabem que seus pais e seus familiares mais idosos serão atendidos em suas residências ou no próprio lar, caso precisem. Muito obrigada Sr. Arcipreste, onde estiver saiba que seus paroquianos levaram para outras terras os seus ensinamentos, a sua posição diante da vida: honestidade, trabalho, responsabilidade aprimorar as competências. Aqui estou eu, uma das suas alunas escrevendo livros, passando para meus leitores as suas convicções religiosas, sociais, políticas e existencialistas. Que Deus abra as portas do céu e diga: entra amigo padre José Alves.