VOAR
Voar sobre o mundo...
Colher as névoas, os sóis.
Depois da altura, cair no raso dos desertos.
Observar os brancos ursos vigiando as neves,
sem saber dos dragões de Komodo,
tão belos, venenosos e poderosos
quanto os pardais que invadem minha cozinha!
Deixando os pontos que infectam a vida,
em que nem todos cabem,
ocupar nesse espaço,
com simplicidade
o caminho rude do ser e estar
que a cada minuto
nos rejeita e expulsa, gesto de nós.
Atribuindo a cada nós a culpa!
A culpa de viver desatento e farto
e desculpado, que enterra
a ansiedade de descobrir
por que ficar!