SURPRESA
Que doído esse céu desabrido,
este ar dissolvido,
esta expiração!
O caminho retorcido
leva à rua deserta,
ao largo aberto, ausente,
pisando o sim e o não.
Canta o canto guardado
Nas dobras do tempo fugido,
Nos arcos do templo contido
No ar rarefeito do passado.
Ainda é tudo mato,
Prato servido ao tato,
Reservando a estranheza
ao simples, comum olfato.
Cego, procura rude beira,
Dispensando de beleza,
O dia de luz caloroso.
Que pontual seja o ar
Para que o respiro louco
Ache no dia o que se queira,
Para que, em cada hora sentida,
Recolha a beleza perdida!