SURPRESA

Que doído esse céu desabrido,

este ar dissolvido,

esta expiração!

O caminho retorcido

leva à rua deserta,

ao largo aberto, ausente,

pisando o sim e o não.

Canta o canto guardado

Nas dobras do tempo fugido,

Nos arcos do templo contido

No ar rarefeito do passado.

Ainda é tudo mato,

Prato servido ao tato,

Reservando a estranheza

ao simples, comum olfato.

Cego, procura rude beira,

Dispensando de beleza,

O dia de luz caloroso.

Que pontual seja o ar

Para que o respiro louco

Ache no dia o que se queira,

Para que, em cada hora sentida,

Recolha a beleza perdida!

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 25/08/2018
Reeditado em 26/08/2018
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