VOO
A vida é plana,
mas o durar se curva de si para si.
Os penares agudos
creem nas lágrimas,
mas não têm fronteiras,
estendem-se para o por do sol
por nasceram na alba.
Dormirão no multiplicar do tempo
tão curto e longo, rico e pobre.
E estarão em vigília
no dobrar da pálpebra.
E caminho
na escultura fria e indiferente
da tarde.
Nem sol, nem lua...
Nem cor, nem escuro...
Nem perfume,
Nem rumores,
assim inertes ,
os pés esquecem
os buracos e pedras do caminho
e voam livres e sozinhos.