CAMINHOS

Quando eu cheguei,

já haviam tecido os fios

e desenhado nas tramas

das estradas por onde

eu deveria caminhar.

Os melhores lugares

já estavam todos ocupados,

restando frestas por onde se avistava

o cortejo sobre ombros enfastiados.

Meus passos suspensos

obrigaram-se, pois, a aprender

a conduzir-me por entre as velhas veredas

que outras antigas desilusões escavaram.

E os pés que levantaram as poeiras

desses caminhos que turvam minhas ilusões

pertencem àqueles que meu coração

nunca desejou seguir.

Então, por que devo ir?

Seguir perdido na multidão que ignora

quem se vai rodopiando inconsciente

na voragem dos sonhos indormidos?

Sossobrando nos flagelos dos signos

vertidos na agonia do espírito

que avulta eternamente insatisfeito

na busca insaciável do lance definitivo?

Erigutemberg Meneses
Enviado por Erigutemberg Meneses em 07/08/2018
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