CAMINHOS
Quando eu cheguei,
já haviam tecido os fios
e desenhado nas tramas
das estradas por onde
eu deveria caminhar.
Os melhores lugares
já estavam todos ocupados,
restando frestas por onde se avistava
o cortejo sobre ombros enfastiados.
Meus passos suspensos
obrigaram-se, pois, a aprender
a conduzir-me por entre as velhas veredas
que outras antigas desilusões escavaram.
E os pés que levantaram as poeiras
desses caminhos que turvam minhas ilusões
pertencem àqueles que meu coração
nunca desejou seguir.
Então, por que devo ir?
Seguir perdido na multidão que ignora
quem se vai rodopiando inconsciente
na voragem dos sonhos indormidos?
Sossobrando nos flagelos dos signos
vertidos na agonia do espírito
que avulta eternamente insatisfeito
na busca insaciável do lance definitivo?