BORDADO
Guardada a linha da costura,
Retidas as cores dos fios,
Ponto a ponto o coser reto adoece:
A curva, outra curva,
E na vida a vista turva.
Combinar tais luzes
Faz o tear tecer as cruzes.
E a estrada marcada em pontos de preces
Coleciona colares, pulseiras, rezares,
Que desenham em cada dia
A vida que a tarde adia!
Na noite que traz o zero,
Deito-me e é ali que quero
Me cobrir e me sentir
Bordada em ponto vário.
Na terra seca sem começo,
Na água clara do aquário,
Renasço e depois pereço!