BORDADO

Guardada a linha da costura,

Retidas as cores dos fios,

Ponto a ponto o coser reto adoece:

A curva, outra curva,

E na vida a vista turva.

Combinar tais luzes

Faz o tear tecer as cruzes.

E a estrada marcada em pontos de preces

Coleciona colares, pulseiras, rezares,

Que desenham em cada dia

A vida que a tarde adia!

Na noite que traz o zero,

Deito-me e é ali que quero

Me cobrir e me sentir

Bordada em ponto vário.

Na terra seca sem começo,

Na água clara do aquário,

Renasço e depois pereço!

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 24/07/2018
Reeditado em 01/01/2021
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