ANTIPOESIA

Se me flagras humano te frustras comigo;

só me queres alheio ao que choca e magoa;

meu olhar de lagoa não pode ser mar

que se torne revolto aos efeitos da lua...

Queres ter minha voz eternamente branda,

não importa o que adentra os portais dos ouvidos;

uma paz de lavanda espargida nos traços

de quem nunca se fere do mundo ao redor...

Quando sabes que sofro de raivas comuns,

tenho minhas verdades ferinas e duras,

também ajo às escuras e pulo no abismo...

Quase perdes a fé se me notas injusto,

se meu surto e meu susto são antipoesia

e me flagras tão gente quanto qualquer bicho...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 21/07/2018
Reeditado em 21/07/2018
Código do texto: T6396063
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