A COVA

Há covas que se abrem por nossas ações!

E lançam-nos nas covas nossas ambições...

Tão lento e aflitivo o quanto um funeral

A ambição nos mata amargamente igual!

E ainda hão de cair, no abismo dessas vidas,

A mão que se esquivou a outras mãos erguidas,

Os olhos que negaram lágrimas, além

Das bocas que falaram barbares também.

Sem dó nem piedade, a impetuosa língua

Dos homens que relegam seus irmãos à míngua,

Sem dúvidas, a cova aberta e esfomeada

Engolirá, voraz, sem lhes restar mais nada!

A podridão dos corpos sujos e lascivos

Servirá de alimento aos organismos vivos...

Nenhum grão de luxúria incólume verão,

Senão na cova fria, abaixo deste chão!

Vigia! Que esta cova nos vigia, e basta

Viver pela ambição que a cova nos arrasta!

Mas sabe-se que aquele que de amar não cansa

Nenhum intenso mal, nem cova aberta alcança!

Jackson Viana
Enviado por Jackson Viana em 13/07/2018
Reeditado em 26/07/2018
Código do texto: T6388707
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