A COVA
Há covas que se abrem por nossas ações!
E lançam-nos nas covas nossas ambições...
Tão lento e aflitivo o quanto um funeral
A ambição nos mata amargamente igual!
E ainda hão de cair, no abismo dessas vidas,
A mão que se esquivou a outras mãos erguidas,
Os olhos que negaram lágrimas, além
Das bocas que falaram barbares também.
Sem dó nem piedade, a impetuosa língua
Dos homens que relegam seus irmãos à míngua,
Sem dúvidas, a cova aberta e esfomeada
Engolirá, voraz, sem lhes restar mais nada!
A podridão dos corpos sujos e lascivos
Servirá de alimento aos organismos vivos...
Nenhum grão de luxúria incólume verão,
Senão na cova fria, abaixo deste chão!
Vigia! Que esta cova nos vigia, e basta
Viver pela ambição que a cova nos arrasta!
Mas sabe-se que aquele que de amar não cansa
Nenhum intenso mal, nem cova aberta alcança!