MIL

Qual flor,

quanta flor!

Quanta flor!

Qual flor estão teus olhos?

Por que desde a noite floriram

as cores de tua face coberta?

Despertos, os sentidos

ouvem, comem, suspiram,

tateiam as ondas,

claras, absurdas

desses teus amigos olhos que não veem mais nada.

Por aqui ela nunca irá,

no agora só verterá

essa pouca de lágrima rara,

tão salgada quanto cara

como ostras grudadas

em pedra dura que medra

nos visgos deste mar amplo,

amplexo justo,

lustro do que não sabe

e que, por isso,

arder não arde,

e que nunca viverá!

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 07/07/2018
Reeditado em 07/07/2018
Código do texto: T6383476
Classificação de conteúdo: seguro