Sou a incógnita da incógnita
Sou a rima que Drummond não buscou para inserir em seus novos rumos ao Modernismo.
O soneto que Florbela Espanca dispensou.
A nuance que Da Vinci nem arriscou em suas obras.
Não tente me entender!
Não sou a fidelidade tão rebuscada que Vinícius de Moraes escreveu e sonhou.
Talvez eu tivesse despertado a atenção de Salvador Dali ou Van Gogh, sei lá...
Quem sabe Tarsila do Amaral conseguisse em uma obra sua registrar o meu eu.
Ou até mesmo que discretamente eu tivesse feito parte da Sinfonia poética de Raimundo Correia.
E como Auta de Souza tento elucidar os meus dias, porém ao contrário dela trago em meus escritos muitas vezes uma antecipação de querer agregar paz, alegria e novas esperanças a minha vida tão nefasta e assim ausentar qualquer sequela de tristeza.
Mas é Fernando Pessoa que talvez conseguisse me descrever com exatidão, quem sabe em seus heterônimos ou até mesmo criar um próprio bem ao meu estilo e maneira de ser, pensar e agir.
Sou assim essa incógnita da incógnita.
Eis ai a questão ser ou não ser, assim diria Shakespeare.Quem sou eu?
Acho que nem mesmo Freud me explicaria.