ERA TARDE

Era quase, era quase o final do dia.

Era um nada a fazer para proteger a luz,

que, como mãos,

afastava o atro.

No desacato do canto,

as vozes pesavam as notas

na pauta incauta.

O divino, em acorde contrito,

tocou os homens

que, em transe,

pisavam a terra.

O rio trauteava por perto

sua toada mais doce,

e tudo parecia dançar

em movimentos lentos,

nadando,

em realidade afora,

em direção ao porquê,

ao então,

ao para quê.

Mas as janelas vazadas da tarde

se fecharam

na noite sem lua.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 28/06/2018
Reeditado em 13/08/2021
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