A saudade pela estrada
A saudade pela estrada
Primeiro passou a boiada
depois passou o tropel
depois passou duas reses
depois vaqueiro e cavalo
depois passou uma vaca
depois um cavalo sozinho
depois um triste vaqueiro
depois mais nada passou
depois só o vento passou
nenhum mugido do gado
nenhum aboio de vaqueiro
nenhuma réstia dos tempos
onde as veredas e estradas
eram do boi e da boiada
eram do cavalo e vaqueiro
aquele olhar tão tristonho
chorando quando nada passou
um dia fechou a janela
no mesmo dia a porta fechou
e também seguiu pela estrada
na solidão dos desalentados
e assim foi sumindo de tudo
como tudo passa e tudo morre
e na poeira vai ficando apenas
as saudades daqueles sertões.
Rangel Alves da Costa
blograngel-sertao.blogspot.com