A primavera de Karla

Na vez primeira que sangrou

A vergonha escorreu pelos olhos.

Preciso foi um balde e meio

Para apanhar o sangue que

Saltou entre as rochas do

Corpo de Karla.

A tia passiva

Limpou o desespero com

Sorriso afável

A dizer:

Calma Karla.

A criança foi embora.

A criança brincou em pânico

No olhar da menina

Sem rumo.

Cuidado onde pisa agora.

_ Aconselhou a tia.

Ela se penteou no espelho da vida —,

Se rasgou a chorar.

Gastou horas

Admirando as silhuetas do corpo

Refletida nas águas

Bravias do rio tempo.

Despediu-se da última boneca

Igual a como se vai a um funeral.

Karla com medo estava do mundo.

Corpo inteiro pedia pra ser explorado.

Sobre pensamentos indecisos debruçou

Os sonhos

E adormeceu

Esperando o evangelho dos dias

Traçar seu novo destino.

aBel gOnçalves

aBel gOnçalves
Enviado por aBel gOnçalves em 28/04/2018
Código do texto: T6321784
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