No ermo de algum silêncio
Nenhum pingo nos is.
Nas intermitências do amor
Só o caos desumano
A sangrar,
A medir palmo a palmo
A resiliência.
Na pia o pingo degela
Pausadamente a paciência.
O tempo néscio
Pela varanda
Saudade
Varando.
O passo pesa sobre o carpete
De couro.
O semblante ao espelho
Denuncia
A solidão limpando a mobília,
Polindo o desespero,
Catando fiapos de aleluia
Pelo chão.
As risadas ao longe causam furor—,
Memórias.
Reminiscências devoradas
Pelo bicho calendário.
Há muita alegria no mundo
E pouca gente feliz.
Castigo a sombra minha
Sobre a luz do abajur,
Amordaço a dor com agulhas.
O cadáver me olha
E se pergunta sem respostas
Sobre o que aconteceu.
O cadafalso da vida,
A tertúlia
Cadê?
O homem arrogante,
Alinhado, apessoado, cadê?
aBel gOnçalves