No ermo de algum silêncio

Nenhum pingo nos is.

Nas intermitências do amor

Só o caos desumano

A sangrar,

A medir palmo a palmo

A resiliência.

Na pia o pingo degela

Pausadamente a paciência.

O tempo néscio

Pela varanda

Saudade

Varando.

O passo pesa sobre o carpete

De couro.

O semblante ao espelho

Denuncia

A solidão limpando a mobília,

Polindo o desespero,

Catando fiapos de aleluia

Pelo chão.

As risadas ao longe causam furor—,

Memórias.

Reminiscências devoradas

Pelo bicho calendário.

Há muita alegria no mundo

E pouca gente feliz.

Castigo a sombra minha

Sobre a luz do abajur,

Amordaço a dor com agulhas.

O cadáver me olha

E se pergunta sem respostas

Sobre o que aconteceu.

O cadafalso da vida,

A tertúlia

Cadê?

O homem arrogante,

Alinhado, apessoado, cadê?

aBel gOnçalves

aBel gOnçalves
Enviado por aBel gOnçalves em 28/04/2018
Código do texto: T6321780
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