Cangaceiros
Cangaceiros
Quem colocou a canga no outro
ainda chicoteou e esqueceu de tirar
depois ferrou com a ponta em brasa
e cuspiu no rosto querendo humilhar
mas o escravo um dia se levantou
com a força sertaneja que encontrou
retrucou o cuspe na cara de seu algoz
e para enfrentar a injustiça se preparou
se os donos do mundo têm o poder
só resta ao sertanejo mostrar a valentia
e valente enfrentar o mando injusto
e passar a viver o mundo da rebeldia
rebeldia logo tida como fora da lei
pois com punhais e seus mosquetões
tendo as caatingas como sua estrada
e zunindo balas e retinindo em clarões
mesmo sem a canga são os cangaceiros
na defesa e no ataque perante volantes
um sertão valente num sertão sangrento
mas já sem a submissão que se via antes
debaixo do sol e da lua a vida sofrida
mas na alma a certeza da justiça da luta
a bala na bala e o sangue no sangue
vitória impossível que jamais se desfruta
há um silêncio medonho na noite
parece vaga-lume mas não é vaga-lume
as mãos se levantam em busca das armas
e tombam em rios de sangue seu perfume.
Rangel Alves da Costa
blograngel-sertao.blogspot.com