Fragmentos de um pássaro arredio

Foram sete anos

de amor intenso,

tiveram sete perdões

entre sete brigas.

Ele

arrastava uma mala velha

cheia de meias verdades.

Ela

transportava nos ombros

um guarda roupa

atravancado

de quimeras e utopias.

Éram seres razoáveis,

dentro de uma vida razoável,

tentando viver

oscilando

entre os extremos

dos excessos mentais

e, a aceitação duma paixão

mal resolvida.

Foram sete anos para cada

um dos sete pecados capitais.

Ela tinha um defeito maldito:.

Era poeta.

E estava sempre entre o sétimo céu

E o sétimo inferno.

Ele.

Apenas uma poesia

na fantasia de homem na

cabeça dela.

No ínterim d'uma manhã íngreme,

em meio aos entulhos,

onde Guiné-Bissau

catava sobre as avenidas

as sobras do carnaval.

Viera uma quarta-feira de cinzas.

Foi a gota d'água.

Ela precisava apenas de uma

roupa sobre o corpo.

Limpou resquício

de melancolia no canto do olho.

Olhou pra cara de plasma dele e disse:

Chega!

Não dá mais!

E não titubeou,

abriu a porta da alma e saiu

sem destino,

sem olhar para trás,

e nunca mais voltou.

aBel gOnçalves

aBel gOnçalves
Enviado por aBel gOnçalves em 18/04/2018
Código do texto: T6311778
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