Fragmentos de um pássaro arredio
Foram sete anos
de amor intenso,
tiveram sete perdões
entre sete brigas.
Ele
arrastava uma mala velha
cheia de meias verdades.
Ela
transportava nos ombros
um guarda roupa
atravancado
de quimeras e utopias.
Éram seres razoáveis,
dentro de uma vida razoável,
tentando viver
oscilando
entre os extremos
dos excessos mentais
e, a aceitação duma paixão
mal resolvida.
Foram sete anos para cada
um dos sete pecados capitais.
Ela tinha um defeito maldito:.
Era poeta.
E estava sempre entre o sétimo céu
E o sétimo inferno.
Ele.
Apenas uma poesia
na fantasia de homem na
cabeça dela.
No ínterim d'uma manhã íngreme,
em meio aos entulhos,
onde Guiné-Bissau
catava sobre as avenidas
as sobras do carnaval.
Viera uma quarta-feira de cinzas.
Foi a gota d'água.
Ela precisava apenas de uma
roupa sobre o corpo.
Limpou resquício
de melancolia no canto do olho.
Olhou pra cara de plasma dele e disse:
Chega!
Não dá mais!
E não titubeou,
abriu a porta da alma e saiu
sem destino,
sem olhar para trás,
e nunca mais voltou.
aBel gOnçalves