Inferno intenso

Quilombo na masmorra tórrida

A terra vomita traumatismos

Pela veemência insólita.

A depreciação de uma raça

E a depressão infernal

Contida na Humanidade

Torna o mundo inóspito.

Invento luas para esquecer

Terra árida,

Água escassa,

Oxigênio ácido.

Pinga na porta do indissolúvel

A andaluzia solta.

Sombras assustam em projetos de

Pessoas desajustadas.

Guerra fria/Quente

O nome desse inferno.

Pobreza

Pela garoa indigesta produzida pela

Mecânica global.

O homem é o próprio demônio de si mesmo —

Come entranhas da verdade,

Vomita pecado pelo jardim da Babilônia.

O mundo é de ontem — enferruja os olhos

E desconserta o caminhar.

O modernismo pinta efeito estufa

Em galerias futuras.

Estampado no museu do amanhã

Vergonhas humanas híbridas.

O tédio é tal!

O asfalto e as árvores de cimento

Enfeitam paisagens de desemprego.

Quero paz de um Jiripancó —

Ianomâmi — Potiguara — Pataxó.

Os dias de milagres se derramam

Por sobre a desilusão agreste.

O ditador não morreu

Ao ouvir discurso

Inconformista!

Quando tomei o copo de cicuta

Afim de exterminar meu opressor

Eu o salvei

Do meu desafeto.

O inferno é a vida incerta,

É o plantar pendências

E colher cóleras de sal

Sobre um céu de mágoas.

aBel gOnçalves

aBel gOnçalves
Enviado por aBel gOnçalves em 14/04/2018
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