Inferno intenso
Quilombo na masmorra tórrida
A terra vomita traumatismos
Pela veemência insólita.
A depreciação de uma raça
E a depressão infernal
Contida na Humanidade
Torna o mundo inóspito.
Invento luas para esquecer
Terra árida,
Água escassa,
Oxigênio ácido.
Pinga na porta do indissolúvel
A andaluzia solta.
Sombras assustam em projetos de
Pessoas desajustadas.
Guerra fria/Quente
O nome desse inferno.
Pobreza
Pela garoa indigesta produzida pela
Mecânica global.
O homem é o próprio demônio de si mesmo —
Come entranhas da verdade,
Vomita pecado pelo jardim da Babilônia.
O mundo é de ontem — enferruja os olhos
E desconserta o caminhar.
O modernismo pinta efeito estufa
Em galerias futuras.
Estampado no museu do amanhã
Vergonhas humanas híbridas.
O tédio é tal!
O asfalto e as árvores de cimento
Enfeitam paisagens de desemprego.
Quero paz de um Jiripancó —
Ianomâmi — Potiguara — Pataxó.
Os dias de milagres se derramam
Por sobre a desilusão agreste.
O ditador não morreu
Ao ouvir discurso
Inconformista!
Quando tomei o copo de cicuta
Afim de exterminar meu opressor
Eu o salvei
Do meu desafeto.
O inferno é a vida incerta,
É o plantar pendências
E colher cóleras de sal
Sobre um céu de mágoas.
aBel gOnçalves