Primeira memória da saudade
Primeira memória da saudade
(A Roberta Barbosa)
Um dia ficará
Sobre a esfinge do futuro do pretérito
Um nome,
Uma reminiscência,
Um riso onde sobressaem os dentes,
Um nariz premiado com uma verruga,
Um belo par de olhos graúdos e ávidos.
E no limiar da alvura da retina
A incógnita de prontidão
Como soledade de um tempo sombrio.
Sobre você Roberta
A doçura que não conhecerei,
A ternura enaltecida envolta
A uma magnifica magreza exuberante
Derramada sobre um corpo de mulher
Que nunca pousara sobre meus abraços.
Uma fragrância interior
Que não encontrarei mais
No sobressalto do caminho,
Nem em outro semblante
Que por acaso eu tropeçar
Pelos retalhos do destino.
Sobre você,
Digo apenas, e aliás_, e através
Dos dias_, o tempo in memoriam
Saudosa
Não me deixarás esquecer-te.
Não conhecerei suas birras
Nem ver-te-ei chorar
Em um dia de carvão e dor.
Para quem recitarei Leminski?!
Não estarei lá
Nem num dia estupendo
De auroras boreais
Transmudando a terra,
Muito menos quando a vida
Conceder-lhe a dádiva de ser mãe.
aBel gOnçalves