Medusa da lua

Medusa da lua

De fato

Poesia

É aborto secreto

Ultrajada

De toda bagunça humana,

De toda

Nuance entre o cheiro tácito

De cláusulas

Casulos

E cousas mofadas.

De fato

Poesia

Cospe na última curva do mundo,

Espera o escândalo das borboletas

Tangentes.

Poesia espreme pulga

E espera holocausto da

Última grandiloquência.

De fato

Poesia

rumina dinossauro,

Dar um salto no labirinto estático

E desova a estética.

Reimaginar-se poente

Através do espelho

Sem vir

Nem ouvir estilhaços.

O poema é posto à mesa farta

Com a lua estrangulada na garganta

E o anzol tempo a pescar

Simetrias.

Redimir-se

Ao estágio fecundo

De estar

E ser fera

E aflorações,

É sonata dentro dum soneto de ferro.

Agradecer aos loucos,

Aos bêbados,

Aos pobres,

Que são cantigas de escárnio

No acalanto da Primavera.

De fato

Poesia

É remar ainda com ojerizas

Sobre o asfalto futuro,

Ver nas ramagens dos rios

Galáxias egocêntricas

Impenetráveis,

Regozijar montado sobre

O sonho ímpar.

De fato

Poesia

Habita

As entranhas da esfinge.

Eu com minha lança de poeta,

Meu escudo de poeta,

Meu faro de soldado opressor

Luto em defesa da clarividência.

aBel gOnçalves

aBel gOnçalves
Enviado por aBel gOnçalves em 11/04/2018
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