Medusa da lua
Medusa da lua
De fato
Poesia
É aborto secreto
Ultrajada
De toda bagunça humana,
De toda
Nuance entre o cheiro tácito
De cláusulas
Casulos
E cousas mofadas.
De fato
Poesia
Cospe na última curva do mundo,
Espera o escândalo das borboletas
Tangentes.
Poesia espreme pulga
E espera holocausto da
Última grandiloquência.
De fato
Poesia
rumina dinossauro,
Dar um salto no labirinto estático
E desova a estética.
Reimaginar-se poente
Através do espelho
Sem vir
Nem ouvir estilhaços.
O poema é posto à mesa farta
Com a lua estrangulada na garganta
E o anzol tempo a pescar
Simetrias.
Redimir-se
Ao estágio fecundo
De estar
E ser fera
E aflorações,
É sonata dentro dum soneto de ferro.
Agradecer aos loucos,
Aos bêbados,
Aos pobres,
Que são cantigas de escárnio
No acalanto da Primavera.
De fato
Poesia
É remar ainda com ojerizas
Sobre o asfalto futuro,
Ver nas ramagens dos rios
Galáxias egocêntricas
Impenetráveis,
Regozijar montado sobre
O sonho ímpar.
De fato
Poesia
Habita
As entranhas da esfinge.
Eu com minha lança de poeta,
Meu escudo de poeta,
Meu faro de soldado opressor
Luto em defesa da clarividência.
aBel gOnçalves