Peônias enferrujadas

Peônias enferrujadas

Cheira a bosta boiando

na calçada

a manhã inerte.

Cheiro de medo cadavérico

a buir na argila inconsequente.

_Vertigem.

Peônias rutilantes mais tarde

Dissolvendo-se em chorume de lágrimas.

Dia nasce tolo

solto

sem a previsão da cigana,

dia nasce chora

no terror das horas,

no terror dos terremotos,

no aterro das almas,

no enterro dos sonhos

que são apenas votos.

Peônias a misturar-se

em metais pesados e dor.

Carros cachorros vacas formigas

no nevoeiro da enxurrada.

Condenados!

_ A morte se presta,

se aproveita

da incompetência

humana

para sorrir,

cantar no absurdo

das magnólias do brejo

a canção do abismo,

e na distração de um átimo

assassinar o curso natural

das cousas.

aBel gOnçalves

aBel gOnçalves
Enviado por aBel gOnçalves em 08/04/2018
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