Peônias enferrujadas
Peônias enferrujadas
Cheira a bosta boiando
na calçada
a manhã inerte.
Cheiro de medo cadavérico
a buir na argila inconsequente.
_Vertigem.
Peônias rutilantes mais tarde
Dissolvendo-se em chorume de lágrimas.
Dia nasce tolo
solto
sem a previsão da cigana,
dia nasce chora
no terror das horas,
no terror dos terremotos,
no aterro das almas,
no enterro dos sonhos
que são apenas votos.
Peônias a misturar-se
em metais pesados e dor.
Carros cachorros vacas formigas
no nevoeiro da enxurrada.
Condenados!
_ A morte se presta,
se aproveita
da incompetência
humana
para sorrir,
cantar no absurdo
das magnólias do brejo
a canção do abismo,
e na distração de um átimo
assassinar o curso natural
das cousas.
aBel gOnçalves